sábado, 2 de junho de 2012

Capitalismo e socialismo no contexto brasileiro

Ao ler o artigo Rockefeller sobre o capitalismo, que o Diego escreveu, não pude deixar de traçar os paralelos desses dois sistemas. Vou começar por defini-los:

O Capitalismo é definido como um sistema econômico baseado na propriedade privada dos meios de produção, na detenção do capital a uma minoria burguesa, na exploração do opressor sobre o oprimido, esse último representado pelos trabalhadores.

O Socialismo é um sistema político onde todos os meios de produção e a centralização do poder pertencem ao estado, onde não existe a propriedade privada, ao contrário do capitalismo.

A pergunta é: Qual a analogia que podemos fazer em dois modelos econômicos tão diferentes?

Primeiro, temos que os dois modelos, à sua maneira concentram o capital e o poder: No capitalismo, em poder de poucos, e no socialismo em poder do Estado, sendo que nesse sistema, a concentração é um processo de transição.
Analisemos o Brasil. Como em qualquer outro país, tem a sua identidade nacional, que nada mais é que uma construção histórica e política em torno da idéia de nação e nacionalidade – como o nome já sugere, bem como características consideradas comuns e enraizadas em determinada cultura, como já fazendo “parte de nós”.

No Brasil coisas como corrupção, hipocrisia, submissão, discriminação social e racial, cinismo, exploração, violência, miséria, já fazem parte de nossa identidade nacional. Como por exemplo, ver um mendigo dormindo na rua ao relento, uma criança pedindo dinheiro no farol ou um escândalo de corrupção por parte dos políticos se tornaram corriqueiras, banais e não nos causa estranheza.

Concluindo, qualquer que seja o modelo econômico, o brasileiro não deixará de tentar tirar vantagem quando lhe for conveniente. Ou não deixará de passar por cima de um mendigo dormindo na rua, ou até mesmo, discriminar as pessoas pela cor de sua pele. E de quem é a culpa? Das pessoas? Do modelo econômico?

Claro que ninguém assume a culpa, eximindo-se de qualquer responsabilidade pelo padrão moral, social e ético vigente.

O Estado como em qualquer sociedade organizada tem seu papel certamente importante, pois é ele que estrutura o sistema, investe em infra-estrutura. Ele é o responsável pela organização e distribuição do dinheiro arrecadado fruto dos nossos impostos. Teoricamente esse discurso seria muito bonito, mas sabemos que na prática não funciona. Vivemos em um sistema capitalista onde o trabalhador é uma máquina, um produto, facilmente substituível e descartável.

Um problema muito marcante no Brasil – consequência do capitalismo – é a grande concentração de renda. Mas por outro lado o capitalismo favorece a corrida pelo capital e a chance de fazer parte da classe social favorecida, a burguesia, é uma grande vantagem para quem tem tendencias individualistas. Coisa que não aconteceria no socialismo, pelo ideal igualitário, onde teríamos justiça social. E nenhum ser humano ou classe social estaria acima de outro.
O fato é que fazemos parte de um sistema estruturado, um modelo feito para nós, que ao invés de políticas de encontro ao interesse do povo, de uma atuação direta modificadora, igualitária e justa, temos políticas assistencialistas, que só fazem aumentar a pobreza e a desigualdade social.

Como formar uma sociedade justa e igualitária?

Implantando o socialismo? Bom, seria uma ótima opção, mas no contexto atual, não seria possível, sem antes uma coscientização de massa, e um intenso trabalho de base.

Seja qual for o sistema econômico, o problema é que ele é gerido por pessoas, com seus próprios interesses e ideais, seja pessoal ou coletivo. E todo modelo econômico assume seu poder e seu controle. Tendo os que concordam e os que discordam, por tanto, passível de crítica e divergências, mas o fato é que lidam com pessoas, embora tratando como números ou produtos.

A solução, no contexto atual, uma mudança real, começa numa atuação das pessoas como estado, uma atuação direta ou indireta: na reinvindicação dos próprios direitos, na solidariedade e acima de tudo na compreensão das questões políticas e sociais, pois um fato verdadeiro e brasileiro é que existe uma parcela muito significativa da população que são alheios a política. Os chamados analfabetos políticos, como diria Bertold Brecht:

O pior analfabeto, é o analfabeto político.

Acredito que quando as pessoas perceberem sua força e seu papel modificador, seja na sua própria vida, no trabalho, em sua casa, e quando essas mesmas pessoas forem mais solidárias, a revolução tão sonhada e esperada pelos socialistas pode vir a acontecer. Ou uma revolução socialista ou uma revolução social, de livre mercado, com melhor distribuição de renda, dando oportunidade para todos. Se não for o socialismo, talvez um novo modelo econômico, uma espécie de união do capitalismo com o socialismo, um completando o outro. Esse seria um mundo ideal, um modelo econômico igualitário e justo.

Suzi Alves.

3 comentários:

  1. Texto maravilhoso, me ajudou bastante na disciplina de Economia Política.

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  2. Agora consegui entender.. entrei á pouco no curso! AGRADECIDA!

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  3. Acredito que a consciência em massa da valorização e respeito entre empregador vs trabalhador, como uma pessoa e um ser humano, seria talvez o primeiro passo.

    Mudar a visão que os funcionários são descartáveis e podem ser substituídos a qualquer momento é uma visão muito cruel.
    O ser humano deve ser entendido e compreendido, deve-se investir em treinamentos, em lazer, motivação, promoções etc ...
    Algo que motiva muito os funcionários, mas que é pouco - ou praticamente não é praticado, é a participação dos lucros da empresa, onde ambos saem ganhando.

    A valorização e reconhecimento do ser humano como único, reconhecer seus pontos positivos e ver os negativos como algo que poderá ser melhorar o a longo prazo, é primordial.

    É fato que, dentro das empresas, existem normas e algumas atitudes dos funcionários, quando quebram o código de ética ou as leis, são inadmissíveis e podem acarretar na sua exclusão da equipe.

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